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Espreitadelas no buraco da fechadura

terça-feira, 16 de março de 2010

O primeiro Beijo

Há coisas que nunca se esquecem: o primeiro beijo, a primeira troca de olhares, o primeiro toque, a primeira vez.


O meu primeiro beijo foi como muitos beijos às escondidas, depressa, pressionando os olhos como fazem nos filmes, e este por acaso, também foi numa tarde de verão, atrás do barracão da tasquinha dos mais velhos onde se jogava ao chinquilho e havia no ar um cheiro insuportável a peixe frito e outras iguarias do género. Lembro-me do barracão muito velho, feito de tábuas tratadas, tecto forrado a caniças da praia, mesas cheias de garrafas de cerveja e copos manchados de vinho tinto, e no balcão pacotes de batatas fritas Ruffles e refrigerantes de lata frescos, nunca percebi muito bem de onde vinham os cabos de electricidade.
A praia não era a mais bonita, cheia de alcatrão, o meu biquini azul ficava todo preto, lembro-me que era um castigo limpá-lo depois. Eu até nem gostava daquela praia! Era isolada, a estrada de alcatrão passava mais acima sem visibilidade cá debaixo nem lá de cima cá para baixo, e muito pequena e as pessoas não tinham como se distrair, de modo que olhavam tempo a mais para o que faziam as outras.
Foi um beijo horrível, mesmo para um contacto rápido, sem grande tempo para tomar consciência da textura dos lábios daquele menino moreno do sol e de olhos verdes. Fiquei com um gosto esquisito nos meus lábios e corada, corada como se tivesse apanhado um escaldão só ali, nas bochechas.
Nunca mais fui capaz de olhar o menino nos olhos como deve de ser, dias depois achei aquilo tudo errado e sem sentido e com a certeza de que se fosse descoberta passava o resto da vida de castigo, mas também ninguém descobriu!
O menino hoje já é um homem feito, menos bonito que naquela época da infância, quando nos vemos cumprimentamo-nos; não sei se ele se lembra ainda alguma coisa daquela tarde mas eu, sempre que o vejo, as imagens assaltam-me a idéia.

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